ATA DA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 18-01-2006.

 


Aos dezoito dias do mês de janeiro do ano de dois mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Todeschini, Elias Vidal, Ervino Besson, João Antonio Dib, José Ismael Heinen e Margarete Moraes, Titulares, e Claudio Sebenelo, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Bernardino Vendruscolo e Carlos Comassetto, Titulares, e as Vereadoras Mônica Leal e Neuza Canabarro, Não-Titulares. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 132/05, da Senhora Gisele de Cássia Tavares, Diretora Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 615/05, do Senhor Aldemar Antônio da Silva, Diretor de Gestão Estratégica e Articulação Institucional, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca; Comunicado nº 202939/05, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Em continuidade, foi apregoado Ofício de autoria do Vereador Luiz Braz, comunicando sua substituição, na presente Reunião, pelo Vereador Claudio Sebenelo, nos termos do artigo 83, parágrafo único, do Regimento. Também, em face de manifestação formulada pelo Vereador Ervino Besson, a Senhora Presidenta informou que o tempo para pronunciamentos no período de Comunicações seria de cinco minutos, conforme Requerimento verbal de autoria do Vereador João Antonio Dib, aprovado na Reunião de Instalação da Segunda Comissão Representativa, do dia quatro de janeiro do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell abordou irregularidades verificadas em empresas de ferro-velho instaladas em Porto Alegre, relatando casos em que essa atividade encobriu ações de desmanche de veículos roubados. Igualmente, protestou contra decisões judiciais que permitiram a continuidade do funcionamento dessas empresas, propugnando por uma fiscalização rigorosa de parte do Poder Público, para que não ocorram maiores prejuízos à população. O Vereador Carlos Todeschini elogiou a atuação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Governo Federal, traçando comparativo com o quadro econômico observado no País na gestão do Senhor Fernando Henrique Cardoso. Também, afirmou que atualmente se verifica um crescimento efetivo no Brasil, com conquistas relevantes em termos sociais e de infra-estrutura, as quais viabilizam perspectivas reais de melhoria na qualidade de vida e no bem-estar da população. O Vereador Claudio Sebenelo teceu considerações acerca de depoimento do Senhor Paulo de Tarso Venceslau, publicado hoje pelo jornal O Sul, em matéria intitulada “Ex-petista confirma denúncia de Caixa Dois e diz que Lula sabia”, declarando que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está devidamente preparado para as responsabilidades do cargo que assumiu. Ainda, cumprimentou o Senhor Germano Rigotto pelo trabalho realizado como Governador do Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador Ervino Besson discorreu sobre o sistema público de saúde a que tem acesso a população rio-grandense, registrando caso ocorrido no Município de Balneário Pinhal – RS, quando um jovem, após acidente náutico, não encontrando condições adequadas de tratamento naquela cidade, foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Nesse sentido, agradeceu à direção desse Hospital pela rapidez e excelência do atendimento que foi prestado ao jovem ferido. O Vereador João Antonio Dib registrou a votação, ontem, pela Câmara dos Deputados, do fim do pagamento da ajuda de custo durante convocações extraordinárias do Congresso Nacional. Quanto ao assunto, lembrou que essa prática já não ocorre nesta Casa desde mil novecentos e oitenta e nove, asseverando que apresentará Projeto de Emenda à Lei Orgânica reduzindo o período de recesso parlamentar e alterando a forma de convocação desta Câmara pelo Poder Executivo. O Vereador José Ismael Heinen discursou acerca de reportagem publicada na edição n° 1939 da Revista Veja, sobre o cenário político-partidário brasileiro e mundial, analisando a polarização entre social-democracia e liberal-democracia exposta nessa matéria. Da mesma forma, cobrou do Governo Federal medidas no sentido de melhorar a situação socioeconômica do País, defendendo maior priorização de aspectos atinentes à geração de renda e emprego e à dívida pública interna brasileira. Na oportunidade, por solicitação dos Vereadores Adeli Sell e Carlos Comassetto, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma, respectivamente, aos Senhores Luiz Felipe da Costa Nogueira, ex-Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, falecido no dia quatorze de janeiro do corrente, e Nelson Dalmás, falecido no dia dez de janeiro do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Comassetto enalteceu políticas adotadas pelo Governo Federal no setor de habitação, destacando recursos que serão destinados em dois mil e seis ao financiamento de casas populares. Também, manifestou sua insatisfação com o tratamento dado a esse setor pelos Governos do Estado e do Município, salientando a importância de implantação de programas que supram a demanda por moradias, observada em especial nas regiões urbanas. O Vereador Bernardino Vendruscolo discordou do pronunciamento de hoje do Vereador Carlos Comassetto, em Comunicações, questionando a viabilidade econômica de projetos habitacionais anunciados pelo Governo Federal. Finalizando, reportou-se ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 011/05, que autoriza o parcelamento do Imposto sobre a Transmissão “Inter-Vivos”, informando ter elaborado cartilha para esclarecimento das novas normas que regem esse tributo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson declarou que as vitórias eleitorais das Senhoras Ellen Johnson Sirleaf, na Libéria, e Michelle Bachelet, no Chile, refletem a crescente participação feminina no cenário político internacional. Ainda, anunciou a revogação da Ordem de Serviço nº 004/05, que suspendia a conversão em pecúnia de férias dos funcionários desta Casa, atribuindo a possibilidade dessa concessão ao aumento verificado na arrecadação tributária municipal. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Neuza Canabarro apoiou iniciativas do Congresso Nacional, de não-pagamento de ajuda de custo por convocações extraordinárias e diminuição do período de recesso parlamentar, sustentando que a atual conjuntura política é propícia a essas modificações. Além disso, defendeu reformas referentes ao funcionalismo público no Brasil, argumentando que a Constituição Federal pode ser melhorada em diversos aspectos concernentes a esse tema. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador José Ismael Heinen avaliou o contexto econômico e político da sociedade contemporânea, enfocando conceitos como soberania nacional, desenvolvimento, economia estatizada, democracia e globalização. Ainda, leu trechos de artigos sobre o assunto, de autoria dos economistas Fausto Santos Araújo, publicado ontem pelo jornal Zero Hora, e Paulo Guedes, divulgado na edição nº 1939 da Revista Veja. O Vereador Claudio Sebenelo discursou a respeito da história da moradia popular no País, lembrando a criação, na década de mil novecentos e sessenta, do Banco Nacional da Habitação – BNH. Igualmente, teceu críticas à gestão do Partido dos Trabalhadores quando à frente do Governo Municipal, asseverando que nesse período as áreas de habitação, saúde e educação não foram priorizadas, gerando carências sociais e prejuízos à população porto-alegrense. O Vereador Carlos Comassetto aludiu à medida aprovada pela Câmara dos Deputados, de extinção do pagamento aos Parlamentares de ajuda de custo por convocações extraordinárias desse Legislativo. Também, informou ter sido aprovada a constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional, tendo como tema as privatizações de empresas públicas ocorridas no Brasil durante o período de mil novecentos e noventa a dois mil e dois. O Vereador João Antonio Dib elogiou o Vereador Bernardino Vendruscolo, pela elaboração de cartilha acerca do Imposto sobre a Transmissão “Inter-Vivos”, e abordou o pronunciamento de hoje do Vereador Carlos Comassetto, a respeito de privatizações efetivadas no País durante o mandato do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ainda, desaprovou o desempenho do Governo Federal, propugnando pela ampliação do montante de verbas federais aplicadas nas áreas de saúde e segurança pública. O Vereador Bernardino Vendruscolo citou reportagem publicada hoje no jornal O Sul, intitulada “Ex-petista confirma denúncia de Caixa Dois e diz que Luiz Inácio Lula da Silva sabia”, referente a declarações do Senhor Paulo de Tarso Venceslau quanto a casos de corrupção investigados pelo Congresso Nacional, envolvendo políticos e empresários brasileiros. Finalizando, chamou a atenção para a eficiência, no combate à criminalidade, da instalação de câmaras de segurança em ruas de Porto Alegre. Às onze horas e nove minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador Carlos Todeschini, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Carlos Todeschini, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum, estão abertos os trabalhos da presente Reunião.

 

Quero apregoar um Ofício dirigido ao Presidente Dr. Goulart, assinado pelo Ver. Luiz Braz (Lê.): “Comunico, para os devidos fins, que na reunião desta data o Ver. Luiz Braz, titular da Comissão Representativa, será substituído pelo Ver. Claudio Sebenelo, nos termos do art. 83, parágrafo único, do Regimento deste Legislativo.”

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Prioritariamente, os titulares da Comissão terão a palavra por 10 minutos, sendo permitidos apartes.

 

O SR. ERVINO BESSON: Presidenta, conforme Requerimento do nosso colega Ver. João Antonio Dib, foi decidido que será de cinco minutos o tempo no período de Comunicações da Representativa. Sou grato a Vossa Excelência.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Ervino Besson. Eu estava presente, apenas esqueci disso, mas são cinco minutos mesmo.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Minha cara Verª Margarete Moraes, na presidência dos trabalhos, colegas Vereadores e Vereadoras, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, no início do mês de dezembro do ano passado eu fiz aqui um pronunciamento no período de Grande Expediente tratando de um gravíssimo problema da nossa Cidade, do Estado, que é o roubo de automóveis, o desmanche dos automóveis, porque os velhos tempos de levar os automóveis para o Paraguai, como eu já disse, os velhos tempos não existem mais. Os carros são roubados, e minutos depois eles são escondidos em algum galpão, em alguma oficina, em algum desmanche ou são desmanchados, nas madrugadas, nas próprias ruas, como vimos recentemente - numa noite dessas aconteceu em Alvorada - no Passos das Pedras.

Eu vim aqui e disse que era inaceitável, Ver. João Dib, o Poder Público Municipal, que tem o poder de Polícia administrativa, fechar um desmanche por não ter alvará, por não ter um habite-se, por não ter as condições de operar e, nesse caso citado, deixar funcionando. A nossa legislação será mudada. Inclusive o Secretário Cecchin designou um funcionário de carreira para isso, ele trabalhou comigo e agora está trabalhando com o Secretário no gabinete, em função do conhecimento que tem, para modificar um conjunto arcaico de leis que nós temos sobre essas questões em Porto Alegre.

Não bastasse o problema de o sujeito continuar na ilegalidade, operando, nós, agora, temos quatro casos, Ver. Ervino Besson, de funcionamento com liminar. E o mais grave é que um dos juízes se manifesta publicamente na imprensa dizendo que a Prefeitura teve um papel autoritário, não dando as condições de o sujeito se defender. Mas foi a Polícia que solicitou e que mostrou que o ferro-velho não era um ferro-velho, que era um desmanche! Na Av. Protásio Alves, todo mundo sabe. Inclusive, há piadas que rolam aqui no Plenário, eu estava conversando com o pessoal aqui da segurança: “Roubacar”, “furtacar”. São esses os nomes, a chacota. Quatro liminares a Justiça dá para que os ladrões continuem operando! Onde está a Justiça do Rio Grande do Sul? Eu sei que não é toda a Justiça, mas são alguns, os mesmos juízes, os mesmos desembargadores que mandam devolver produtos piratas para os pirateiros, como fizeram comigo.

Agora, inclusive, há um desembargador que entrou na Justiça contra a Prefeitura. Eu tive que ir como testemunha, porque cobraram uma indenização da Prefeitura por uma matéria que saiu no jornal, quando nunca se citou o nome desse desembargador. E eu também não sou trouxa, não vou citar nome de ninguém aqui. Mas tenho imunidade parlamentar agora para fazer, vou fazer, ninguém vai me calar, porque pessoas morreram, como aquela senhora, recentemente, no bairro Rio Branco. Eu tenho certeza de que se tivesse acontecido uma tragédia com a filha, com a mãe desse juiz, com a mãe desse desembargador, com alguém da família, ele teria posição diferente.

E o mais interessante de tudo isso, Ver. Sebenelo, é que um desses sujeitos, que várias vezes foi preso, continua sem nenhum problema na Cidade, ele ainda se dá ao desplante de dar entrevistas ao jornal, como se grande coisa fosse! Ladrão, meliante, marginal! E as nossas famílias à mercê de roubos de carros, de assassinatos. Um cidadão honesto foi morto dias atrás na Zona Norte, numa esquina. Onde nós vamos parar desse jeito? É inadmissível, intolerável, esta Câmara não pode se calar! E eu pedi uma Comissão Especial, o Ver. Ervino já me disse esses dias que gostaria de participar dessa Comissão.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, Ver. Adeli Sell, eu quero saudar e parabenizar V. Exª pelo seu pronunciamento. Vossa Excelência sabe que, quanto ao único filho do Sérgio Gabardo, que foi brutalmente assassinado, até hoje nada foi resolvido.

 

O SR. ADELI SELL: Esses dias inclusive, numa entrevista, eu fiquei chocado quando ouvi o Sr. Sérgio Gabardo falando da perda do seu filho de 20 anos.

 

O Sr. Ervino Besson: Liquidou uma família que presta um relevante trabalho, que contribui com sua empresa, com seus impostos aqui para o nosso Rio Grande, infelizmente. Sem dúvida nenhuma, estamos juntos nessa luta.

 

O SR. ADELI SELL: E a história do Max Oderich? Um menino brilhante que, na semana de sua formatura, perdeu a vida, quando roubaram o seu carro. Eu não me calarei, e não há Justiça que vai ter um poder maior do que nós, da justiça de fato, da aplicação de nossas leis. Não me calarei, Ver. Besson. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Minha querida Presidenta e companheira Verª Margarete Moraes, Vereadoras e Vereadores presentes, assistência desta Plenária, eu venho aqui hoje porque não posso ficar calado ante os acontecimentos nacionais, Verª Margarete, que preside os trabalhos, veiculados pelo noticiário. São relevantes conquistas e avanços da nossa sociedade com relação às melhorias do Brasil em várias áreas. Com relação à infra-estrutura, vimos uma reportagem nesta semana na qual o Exército brasileiro foi chamado a cumprir um papel muito importante no que diz respeito à restauração e ampliação da BR-101, num trecho nos Estados do Nordeste.

O Brasil tem conquistas importantíssimas que vão se somando no cotidiano e que deixam muita gente incomodada. Mas eu quero citar aqui algumas coisas, também em tom de provocação à oposição nacional, que são feitas pelos representantes do Governo liderados pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Por exemplo: qual foi a taxa de inflação em 2002? Doze por cento. Em 2005, 5,7%. Qual foi o valor da dívida externa no final de 2002? Duzentos e dez bilhões de reais; no final de 2005, 165 bilhões de reais. Qual era o valor do salário mínimo quando o Governo Lula tomou posse? No dia da posse, 56 dólares e 50 centavos. Hoje, 128 dólares e 20 centavos. Qual era a taxa Selic quando Lula tomou posse? Vinte e cinco por cento; hoje, 18%. Qual o valor das exportações brasileiras em 2002? Em 2002, 60 bilhões de reais; em 2005, 118 bilhões de reais, o que representa aumento de 100%. Qual foi o superávit comercial do Brasil em 8 anos de Governo FHC? Foram 8 bilhões e 7 milhões de reais de déficit. Não houve superávit. No Governo Lula, estão acumulados 103 bilhões de reais em três anos. Qual era a taxa de desemprego no Brasil em 2002? Doze por cento. Em 2005, caiu para 9,6%.

E ainda nós vemos, como eu vi ontem, o anúncio de 10,5 bilhões de reais para habitação no corrente ano. E aí vejo o Sr. Alberto Goldmann e o Sr. Eduardo Paes, Deputados do PSDB, esbravejando iradamente contra o investimento social que é feito em habitação. Eu não sei o quer essa oposição, eu não sei o que pensa o “tucanato” desse jeito. Porque a tragédia nós vivemos com a “privataria”, com o desmonte, com a falta de investimento público, com a entrega do patrimônio nacional, com a tragédia que se abateu com o Governo FHC sobre o Brasil; agora, nós temos crescimento, desenvolvimento, bem-estar, oportunidades, moradia, saúde, emprego crescendo, exportações liderando recordes e conquistas importantíssimas. O que será que queremos? É aquele modelo do atraso, do retrocesso, do endividamento, do desmanche do Estado, da degradação e da entrega do patrimônio ou queremos uma garantia de futuro para o nosso País? O Presidente Lula está a indicar um caminho, inclusive com medidas enérgicas, se for necessário, chamando de forma acertada o Exército para construir ou reconstruir as rodovias, para intervir com sua liderança onde for necessário para fazer com que este País tenha as respostas que o povo tanto espera e deseja. E assim está acontecendo no Brasil. São três anos apenas concluídos, mas com indicações de conquistas altamente relevantes a indicar um caminho de esperança, de sucesso e de bem-estar para a grande maioria do povo brasileiro, com saúde, habitação, infra-estrutura, emprego e, sobretudo, esperança para as futuras gerações.

Por isso vimos aqui para afirmar: o Governo Lula é um Governo de afirmação, um Governo que semeia e planta um futuro altamente esperançoso e altamente promissor para todos os brasileiros. Não serão esses ataques que farão diminuir o nosso ímpeto e a nossa certeza da necessidade e da importância da defesa deste Governo. Muito obrigado pela tolerância, Srª Presidenta.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Carlos Todeschini.

O Ver. Claudio Sebenelo, hoje assumindo a titularidade, está com a palavra.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Bom-dia a todos os Vereadores e à Srª Presidente. O Ver. Todeschini, evidentemente, fazendo a apologia da ignorância, ocupando cargos, tem que dizer que está tudo bem, que está uma maravilha e que o Governo Lula é uma beleza. Só que eu quero que ele se reporte à página 9 do jornal O Sul, que fala sobre o depoimento de um economista do Partido dos Trabalhadores.

Vossa Excelência dizia que o DNA da fraude da corrupção era de 10 anos atrás, de 1995, do Partido do “tucanato”, o que eu vou dizer do LILS? O LILS é para matar também! Agora ele não vai ao Fórum de Davos e nem ao Fórum Social na Venezuela; agora ele diz que tem que trabalhar. Mudou completamente a atitude, colocou botox na testa para tirar as rugas, perdeu a expressão - coitado -, e é um subproduto, hoje, triste, num fim de Governo. E anunciou hoje a um grupo de empresários que não estará na Presidência da República no ano de 2007. Isso é declaração oficial do Presidente da República, não é de nenhum porta-voz. Ele já está “atirando a toalha” com antecedência, por algumas questões, sejam elas de despreparo do Presidente, sejam elas da tentativa de governar olhando para o retrovisor.

Evidentemente, se fizermos comparação com o Governo anterior, sempre o atual vai ser melhor. Ninguém vai dizer, por exemplo, que a antiga FEBEM - no Estado -, hoje FASE, nunca mais teve nenhum episódio de motim! Ninguém vai dizer, por exemplo, que baixou de 15% para 13,7% a mortalidade infantil no Estado. É claro que essa questão da apologia do negativo, quando se é oposição, é absurda. É sensacional a atitude do Presidente Lula chamando o Exército para construir estradas. Pena que ele chama só agora! Mas está certo, é isso aí que ele tem que fazer!

Essas discussões todas têm um cunho ideológico que, às vezes, beiram o ridículo. Chegar e elogiar um tipo de política atribuída a uma pessoa que, durante três anos, está no Governo e já fez uma modificação fantástica? Não é verdade! As coisas em política, em sociedade, em Sociologia, não se modificam de uma hora para outra. A única coisa que existe é uma coisa chamada revolução. Essa causa uma mudança de modo de produção de uma hora para outra, como foi a Revolução Bolchevique, como foi a Revolução Francesa, como foi a Revolução Comunista de Cuba. Afora isso, no mundo há dois ou três episódios de mudança de modo de produção imediata, vindos de um processo revolucionário. Ora, dizer que as coisas mudaram do Governo FHC para o Governo LILS? Isso é uma bobagem imensa, não é? Isso aí é uma conseqüência de um processo mundial.

E quando vêm dizer que agora, então, com o Evo Morales, eles vão denunciar a Petrobrás, a nossa Petrobrás... Ninguém é mais nacionalista do que um de nós, todos nós somos nacionalistas, todos nós queremos bem ao nosso País. Agora, a Petrobrás, quando senta à mesa, é tão multinacional, é tão imperialista como qualquer outra multinacional. E, quando se fala em multinacional, quer-se dizer: estamos acima das nações!

Por isso, Srª Presidenta, ao encerrar, quero dizer que essa mania monárquica de achar que é uma pessoa no Brasil: “Ah, porque no Governo Lula, porque o Lula...” Não, não é o Lula. Existe um País inteiro, inclusive com muito poucos Governadores do Partido dos Trabalhadores, pois a grande maioria é de outros Partidos. Ideologizar esse processo é alguma coisa assim que não cabe na inteligência, especialmente, da brilhante Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Claudio Sebenelo.

O próximo Vereador a falar no período de Comunicações seria o Elias Vidal, mas ele está ausente. Inclusive, o Ver. Elias Vidal avisou a esta Presidência que não estaria presente.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Minha cara Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham pelo Canal 16 da TVCâmara, queria saudar a todos.

Apesar de, seguidamente, esta Câmara assistir a alguns pronunciamentos bastante duros a respeito da Saúde da nossa Porto Alegre, do nosso Rio Grande, eu quero relatar aqui as coisas boas que acontecem na nossa Saúde. No domingo, no meio da tarde, eu estava na Prefeitura do balneário Pinhal, juntamente com o Vice-Prefeito de Pinhal, Sr. Palharim. Existem três ambulâncias no balneário Pinhal: duas estavam atendendo a diversas ocorrências que aconteciam no Litoral, com aquele brutal calor - e estão acontecendo muitos problemas no nosso Litoral -, e a terceira ambulância, graças a Deus, estava disponível naquele momento, pois um jovem, meus caros Vereadores, do Município de Içara, Santa Catarina, foi dar uma ponta na lagoa e quebrou o pescoço.

Nós sabemos que os recursos dos nossos hospitais do Litoral são precários, apesar do belo atendimento, e alguns problemas graves acontecem, a exemplo do ocorrido com esse cidadão do Município de Içara. Naquele momento, eu estava com o Prefeito, e fizemos contato com o Secretário Substituto, Dr. Raul; com o Diretor do HPS, o Dr. Artur, e com o Hospital Cristo Redentor, onde as enfermarias estavam lotadas. No entanto, como não havia recursos lá na praia, a ambulância dirigiu-se para Porto Alegre. Eu e o Prefeito, além dos contatos que havíamos feito, contatamos com médico-plantonista Dr. Everton, do HPS, que prontamente atendeu aquele cidadão que estava com uma lesão extremamente grave.

Conforme as informações que eu obtive depois, um especialista nesse tipo de lesão - eu não tenho o nome dele aqui, mas faço esse destaque, pois nós temos de mencionar aqui neste Plenário as coisas boas que acontecem na Cidade - analisou o paciente, e, no dia de ontem, o paciente foi transferido para o Hospital São José, onde há um aparelhamento mais sofisticado e um especialista nessa área.

O acidente ocorreu no meio da tarde de um domingo, Ver. João Antonio Dib, e o Diretor do HPS, bem como o Secretário Substituto, Dr. Raul Martins, estavam com os celulares ligados e prestaram um pronto atendimento. Isso é uma coisa gratificante para nós, na condição de Vereadores, e principalmente para a comunidade do Balneário de Pinhal. Então, eu faço esse registro nesta tribuna em nome da Prefeitura do Balneário de Pinhal, em nome do Prefeito, do Vice-Prefeito, o Dr. Palharim, que naquele momento era o titular da Prefeitura Municipal e atendeu esse tipo de ocorrência.

Portanto, fica aqui o registro do excelente atendimento prestado pelo Dr. Raul Martins, pelo Dr. Artur, pelo Dr. Everton - que estava de plantão naquele momento. Eu acho que esse tipo de procedimento dignifica, sem dúvida nenhuma, e a comunidade do Balneário Pinhal agradece de uma forma muito especial, muito carinhosa, porque a gente sabe que a pessoa sofreu uma lesão extremamente grave, gravíssima, e, para atender a um caso como esse, são necessários equipamentos e médicos especializados nesse tipo de lesões. Fica aqui o nosso reconhecimento à Secretaria da Saúde, ao HPS, enfim, a toda a equipe que, pelo menos, aliviou o sofrimento dessas pessoas que saíram de outro Município, que vieram veranear aqui no nosso Estado, mas, lamentavelmente, aconteceu esse tipo de tragédia. Muito obrigado, Srª Presidenta.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não, Ver. Ervino Besson.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, ontem à noite eu assisti, no Canal 18, à votação, na Câmara Federal, da extinção da remuneração por convocação extraordinária. Aí eu me lembrei da Câmara Municipal. Na Câmara Municipal foi mais fácil; a partir de janeiro de 1989, nós não recebemos nada por convocação extraordinária. E não é que antes se recebesse um mês inteiro; a convocação extraordinária antes era paga pelo número de dias que os Vereadores eram convocados. Mas, em janeiro, quando assumiu o Prefeito Olívio Dutra, este Vereador fez uma Questão de Ordem ao Presidente, na época, Ver. Valdir Fraga, questionando qual o amparo legal para que se pagasse jetom na convocação extraordinário. O Vereador ficou de responder - era Comissão Representativa -, e o Prefeito que assumia já havia convocado a Câmara. Não respondeu no dia seguinte, mas, depois, com a insistência deste Vereador, veio a informação da Procuradoria da Casa de que não havia amparo legal, de que não deveria ser paga a convocação extraordinária, e, desde janeiro de 1989, a Câmara não recebe nada na convocação extraordinária. É dever do Vereador trabalhar, não há problema nenhum.

Também assisti ontem, nos debates dos Srs. Deputados Federais, à discussão da diminuição do recesso de 90 dias. Graciosos alguns Deputados nos seus argumentos, incrível, até por serem homens que nos representam lá, que eles falassem daquela forma, mas, de qualquer maneira, eu ouvi! Eu tinha de ouvir porque era um assunto que me interessava. Querem uns reduzir o recesso parlamentar para 45 dias, e outros reduzir o recesso para 60 dias. Eu lembro que apresentei aqui um Projeto de alteração da Lei Orgânica nesse sentido, mas ele não foi aprovado; parece que obtive quatro ou cinco votos apenas, apesar de haver alguns Vereadores que pugnavam, aparentemente, pela idéia, que assinaram com entusiasmo, mas, na hora da votação, não acompanharam. Eu queria que fosse de 45 ou 60 dias: de 1º a 15 de julho teríamos um recesso; o mês de janeiro seria de recesso, e aí teríamos 45 dias; poderíamos ter, também, recesso de 15 de dezembro a 31 de janeiro, então teríamos 60 dias.

Mas, na verdade, eu entendo que às vezes o Prefeito precisa convocar extraordinariamente a Câmara em função de uma matéria urgente, inadiável, e a Câmara está sempre pronta para atender a solicitação de S. Exª, o Sr. Prefeito, porque os Vereadores se preocupam com a solução dos problemas da nossa Capital e não com a criação de problemas para a nossa Capital. Então, acho que ficaria muito fácil, muito tranqüilo. Eu vou reapresentar neste ano o Projeto de Lei alterando a Lei Orgânica, vou colocar uma coisa que ouvi ontem nos debates lá no Congresso: a convocação extraordinária feita pelo Prefeito deve ter a concordância da maioria dos Vereadores para que aconteça, a não ser que haja algo de extraordinário, já que a Câmara nunca se nega, e assim evitaria uma convocação extraordinária em cima da outra.

Eu quero dizer que ouvi o Ver. Adeli Sell esbravejando contra a Justiça e não lhe tiro a razão. Acontece que nós fazemos leis malfeitas, e os advogados vivem da interpretação das leis malfeitas, que não são claras, que não são precisas e que não são concisas, mas que se faz em grande quantidade para agradar. Então, nós temos leis, e os advogados inteligentes, competentes levam os casos à Justiça, e o juiz o que faz? Julga na forma da lei, e, às vezes, vemos que a lei não é justa. É injusta. O Vereador, então, tem razão de reclamar, mas não contra a Justiça, contra a lei malfeita! E isso é o que inferniza a vida deste País. Nós precisávamos de menos leis, de menos Deputados, de menos Senadores, de menos Vereadores - nós viveríamos num País muito melhor. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. João Antonio Dib.

O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Excelentíssima Presidenta da Câmara de Vereadores neste momento, Verª Margarete Moraes; nobres colegas Vereadores presentes, o Líder da Frente Popular fez a colocação de alguns paradigmas do atual Governo Lula. A cada Governo que nós analisarmos, vamos ver os acertos e os desacertos.

A Revista Veja traz uma reportagem social-liberal que dá a entender que o ideal, como acontece nas outras nações, é a alternância do poder entre a socialdemocracia e a liberal-democracia. Há uma diferença muito grande entre essas duas filosofias, e no mundo moderno - Europa, países adiantados - fala-se nessas duas polaridades: socialdemocracia e liberal-democracia. Nós aqui do eixo sul do hemisfério falamos de esquerda e de direita. O ideal seria uma alternância no poder entre essas duas forças, porque, diz a Revista, a liberal-democracia produz, aumenta os investimentos privados, movimenta a economia, amplia as oportunidades de emprego, desenvolve o País, e a socialdemocracia é necessária também, para corrigir os excessos da liberal-democracia, ela se preocupa com aqueles que não conseguem acompanhar o desenvolvimento, a educação, a perspectiva de crescimento individual com auto-estima, para se realizar como um indivíduo feliz social e profissionalmente.

Mas, contrapondo algumas colocações do nobre colega, eu vejo também no atual Governo as contrariedades a que já me referi outra vez: paga-se uma dívida externa de 15 bilhões a um sócio do Fundo Monetário Internacional, enquanto estamos chegando, na dívida pública interna, a 900 bilhões, a 1 trilhão e 200 bilhões, a 1 trilhão e 300 bilhões para este próximo ano. Esses 15 bilhões poderiam, de repente, ser aplicados e redistribuídos, passados às cidades, para que se pudesse dar mais saúde e mais segurança às nossas comunidades, mas eles preferiram pagar essa migalha, tirar do nosso fundo de reserva para fazer politicagem com o Fundo Monetário Internacional.

Enquanto a Petrobras, como eu costumo dizer, acumula e bate palmas pelo superávit imensurável de bilhões, as bombas de gasolina acusam altas no preço do consumidor.

Da mesma forma, nessa pesquisa que foi feita, nobre Ver. Sebenelo, para o Piratini, chamou-me atenção o que mais o povo do nosso Estado anseia neste momento. A questão do desemprego conseguiu ultrapassar a segurança e a saúde, e eu pergunto ao Presidente da República: onde estão os 10 milhões de empregos que ele prometeu recuperar? Ele nem sequer consegue inserir no mercado de trabalho os emergentes, os jovens brasileiros que completam os seus 18 anos. Assistimos hoje na televisão a uma reportagem em que se afirmava que 1 milhão e 560 mil jovens estão nas filas para ingressar no Exército, e um deles dizia que seria, inclusive, com um salário digno. E sabem qual é o salário desse soldadinho? Cento e oitenta reais! Então, além de não termos crescido no mercado de emprego, também não crescemos no poder de compra do nosso cidadão. Obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Verª Margarete Moraes, eu gostaria de requerer um minuto de silêncio em memória do bancário exemplar, sindicalista Luiz Felipe Nogueira, que, durante muitos anos, liderou a categoria dos trabalhadores em bancos na cidade de Porto Alegre, ele foi presidente do Sindicato dos Bancários desta Cidade. Perdemos essa liderança tão importante nesse final de semana. Eu queria prestar uma homenagem a esse cidadão e à representação que ele teve no movimento sindical, em especial no Sindicato dos Bancários.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não, Ver. Adeli Sell. Nós também conhecemos o Felipe e acreditamos que seja absolutamente justa esta homenagem da Casa.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO (Requerimento): Eu gostaria de pedir um minuto de silêncio em memória do Sr. Nelson Dalmás, grande liderança comunitária - ontem fez sete dias de seu falecimento. Era um líder comunitário, um trabalhador da Saúde e vinha discutindo todos os temas e coordenando isso junto às lideranças comunitárias de Porto Alegre. Na semana passada, ele esteve aqui no plenário discutindo e monitorando toda a discussão a respeito principalmente do tema da saúde dos portadores de deficiências especiais.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): É uma péssima notícia, eu não sabia. Convido todos a homenagearmos essas duas grandes figuras da sociedade porto-alegrense.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; colegas Vereadores, Vereadoras, hoje gostaria de trazer aqui, para contribuir com o nosso debate, alguns temas sobre o desenvolvimento do País, do Estado e da União.

Vou-me reportar aqui ao tema da habitação, à habitação popular. Quero dizer que o Município de Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul precisam andar mais rápido para acompanhar a política habitacional do Governo Federal, que está se apresentando como uma política habitacional inovadora e revolucionária. Ontem mesmo o Ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, anunciou que o Governo Federal vai direcionar, em 2006, 18,7 bilhões para o setor habitacional; a Caixa Econômica Federal estará direcionando 10,5 bilhões para o setor habitacional, a ser aplicado em 2006, Ver. Sebenelo. Essa é a diferença de um Governo que, com os seus aliados, direciona para a política de resgatar uma dívida social que nós temos.

E vamos comparar. Durante o processo de privatizações do Governo anterior, o BNDES destinou 15,6 bilhões para financiar as empresas que investiam na privatização das nossas empresas públicas. Com esse dinheiro, daria para construir 750 mil habitações populares no País - 750 mil habitações populares no País! Esse recurso está sendo direcionado, Ver. Ismael Heinen, para o setor habitacional, para a reurbanização, para a questão de saneamento básico, para a questão da infra-estrutura. Esse é o diferencial que nós temos de analisar.

 

O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meus parabéns pela idéia desenvolvida, mas apenas quero alertar que essa é uma verba a ser liberada. Até chegar a obra, nós sabemos que essa verba vai ser cortada, amputada, e muito, como fazem todos os anos. Nesses últimos três anos, todas as verbas anunciadas sofreram um corte gigantesco.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Ver. Sebenelo, na tese ou na teoria, a sua posição pode ter validade, mas eu lhe digo e rebato na prática: dos 10 bilhões do ano de 2005 que estavam destinados para habitação popular, foram aplicados 9,5 bilhões, repassados pela Caixa Econômica Federal para os diversos setores habitacionais. São 9,5 bilhões! Pela primeira vez na história da República recente, esses recursos estão sendo direcionados.

Aqui nós temos de fazer uma comparação, Ver. Ismael Heinen; vamos pegar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Quanto está aplicando no setor da habitação? No dia 23 de dezembro, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não pôde assinar com o Governo Federal o repasse dos recursos para remover as famílias do Aeroporto porque estava inadimplente, e nós tivemos que fazer, em conjunto, um movimento para que o Município assinasse, senão iríamos perder 3,4 milhões de recursos.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Carlos Comassetto. Concordo plenamente, se os recursos estão em Brasília. A nossa Administração Municipal se preocupou também, tanto é que destinou 33 milhões para infra-estrutura das cooperativas. E nós aprovamos dois Projetos importantes nesta Casa, o Projeto do nobre Vereador e um Projeto de minha autoria, facilitando o acesso à casa própria aos mais necessitados de Porto Alegre. Falta agora a ação política, que é aprovação dos Projetos. Com a ação política, poderemos, com certeza - Caixa Econômica Federal, Governo Municipal -, resgatar, em muito, o déficit habitacional em Porto Alegre.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Para concluir, Ver. Ismael, quero lhe dizer que políticas afirmativas têm de ser feitas com construção, com seu conteúdo político, com decisões e com recursos. Ver. João Dib, um Ministro do seu Partido está fazendo a composição do Governo Federal e coordenando, para 2006, a aplicação do maior recurso da história para a habitação popular: 18,7 bilhões. Que o Município e o Estado se mexam para construir a sua demanda política, a fim de resgatarmos essa dívida social que temos. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Carlos Comassetto.

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Verª Margarete Moraes, na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, não vou complementar o que o Ver. Comassetto falou, mas quero dizer para os nossos telespectadores que o que ele falou aqui é uma promessa do Governo Lula. Eu gostaria, Vereador, que, sempre que falassem do Governo Lula e dessas pretensões do Governo, deixassem registrado que é uma promessa, porque daqui a pouco as pessoas que estão nos assistindo podem pensar que isso já está à disposição, digamos assim, que já está funcionando.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, eu posso citar dezenas de ações concretas do Governo, como, por exemplo, o ProUni, que é de uma dimensão fundamental; como o Luz para Todos. Eu gostaria que V. Exª me citasse apenas cinco casos de positividade de projetos efetivos do seu Governo, o Governo Rigotto, aqui no Rio Grande do Sul.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Vereador, eu não vou particularizar, eu vou lhe dizer...

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, quero contribuir com Vossa Excelência. Não é promessa: já estão disponíveis no Orçamento da Caixa Econômica Federal para todos os Municípios 10,7 bilhões de reais. Um recurso que está depositado na Caixa Econômica Federal, que está à disposição para ser gasto em 2006.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Por favor, responda se essa verba é aquela que na semana passada V. Exas afirmaram aqui que é com juro zero?

 

O Sr. Carlos Comassetto: Essa nós afirmamos em vários momentos, em diversos programas, inclusive subsidiados.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Por favor, vamos registrar: a Caixa Econômica Federal vai financiar a casa própria a juro zero. Isso foi dito na semana passada aqui, e novamente há essa confirmação. Eu vou ser sincero, Vereador: é muita oferta. Primeiro preciso ver isso na prática e gostaria de saber de onde vem dinheiro de graça, com todo o respeito.

Mas eu gostaria também de dizer que toda a vez que elogiar o Governo Lula não há necessidade de se fazer uma crítica ao Governo Rigotto, porque, assim, nós vamos ter de buscar a situação financeira em que vocês entregaram o Estado para justificar as dificuldades que o Governo Rigotto vem enfrentando. E aí nós vamos ficar aqui só discutindo, fazendo acusações e críticas, o que eu acho que não traz muito proveito.

Eu gostaria de elogiar esta Casa, todos os Vereadores que a compõem, elogiar o Prefeito José Fogaça, o Secretário Tatsch: 2005 foi um ano de muito trabalho aqui. Nós sabemos que grandes Projetos foram aprovados, entre eles o Projeto de parcelamento do ITBI. Este Vereador, junto com o seu Gabinete - preocupado em colaborar com a sociedade -, desenvolveu uma cartilha, que não é um documento oficial, mas servirá de orientação para aqueles que pretenderem parcelar o ITBI.

Não podemos deixar de registrar que há dificuldades - porque esse é um assunto novo - de entrosamento. Evidentemente, não é má vontade, mas há essa dificuldade de entrosamento entre os registros imobiliários e os tabelionatos, juntamente com a Fazenda Municipal. As pessoas, de um modo geral, ainda não estão sabendo que a lei está em vigor, muitos têm me perguntado. E a lei já está em vigor, quem quiser parcelar o ITBI pode-se dirigir à Fazenda Municipal, e lá a equipe da Fazenda já está preparada, pode-se dirigir a um tabelionato. Enfim, aqueles que precisarem de mais informações, nós estamos à disposição. Pretendo fornecer para todos os Vereadores cópia dessa cartilha para que a gente aprimore, já que não temos a pretensão de apresentar alguma coisa pronta, acabada e definitiva. Por outro lado, quero reafirmar que este Projeto atenderá a milhares de pessoas e vai trazer receita à Fazenda Municipal. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço ao Ver. Bernardino Vendruscolo.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Minha cara Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, eu quero ler um trecho do jornal Zero Hora em homenagem às nossas queridas mulheres, na página 28 (Lê.): “Mulheres no Poder. A posse de Ellen Johnson Sirleaf na presidência da Libéria, na segunda-feira, e a vitória de Michelle Bachelet na eleição presidencial chilena, no domingo, representam mais dois passos importantes na ascensão das mulheres ao poder”. Em nome dessas dez mulheres que estão na página 28 do jornal Zero Hora, eu quero prestar homenagem a todas as mulheres. São dez mulheres: da Índia, Grã-Bretanha, Filipinas, Irlanda, Finlândia, Alemanha, Libéria, de Israel, do Paquistão e Chile.

Acho que os homens...nós já tivemos a nossa oportunidade neste nosso querido mundo. Será que prestamos o nosso trabalho, Ver. João Antonio Dib? Não sei, mas as mulheres estão aí assumindo cargos importantes em seus países, são dez mulheres. Quem sabe se este nosso mundo retoma uma outra caminhada, porque, ao longo da história, o machismo, ainda, infelizmente, continua em algumas localidades, em alguns Parlamentos; nós, homens, deixamos muito a desejar. Portanto, minhas queridas mulheres, fica aqui esta homenagem. Quem sabe este nosso mundo vai partir para uma outra caminhada, para um mundo um pouco melhor. Parabéns, mulheres! (Palmas.) Obrigado, Ver. João Antonio Dib.

Ver. João Antonio Dib, V. Exª é um grande crítico, eu sempre lhe dei razão, acho que neste ano nós vamos ter uma eleição extremamente importante, talvez o nosso País retome uma outra caminhada. O Congresso, como aconteceu aqui nesta Casa - já estou no meu terceiro mandato e nunca recebi nada em convocação extraordinária, assim como os Vereadores aqui presentes -, depois de 104 anos, toma esta decisão. Quem sabe lá este nosso País, minha cara Presidenta, retoma uma outra caminhada. E o povo tem essa grande arma na mão que é o voto. Vocês que me assistem pelo Canal 16 da TV Câmara têm uma grande arma. Como mudar o destino deste País? Como é que nós vamos mudar? Vamos escolher de uma forma tranqüila os nossos representantes, vamos discutir com pai, mãe, com amigos, amigas, comunidade em geral, e vamos escolher os representantes, pessoas que tenham responsabilidade com este povo, com esta Nação. Eu pelo menos estou convicto de que teremos uma nova caminhada a partir de 2007. As pessoas que serão escolhidas neste ano terão, sim, a responsabilidade de governar este País de uma forma transparente e respeitando o dinheiro do povo, o dinheiro público.

Informou-me, agora há pouco, o Presidente desta Casa - o Dr. Goulart, escolhido unanimente pelos queridos colegas Vereadores e Vereadoras, um trabalhista, um homem de um Partido que tem história neste País -, e eu passo essas informações aqui aos colegas Vereadores, aos funcionários desta Casa: o Prefeito divulgou que a arrecadação superou, minha cara Presidenta, até a expectativa da própria Prefeitura Municipal. Que bom! O porto-alegrense foi lá pagar os seus impostos, tiveram um desconto, conforme nós determinamos nesta Casa, a Prefeitura e nós prolongamos o período para que eles pudessem pagar os seus impostos de uma forma mais ampliada. E o Sr. Presidente pediu também que eu prestasse informações aos funcionários que queiram vender um terço das férias de que já podem encaminhar o pedido. Minhas queridas amigas, estou vendo aí um sorriso das nossas queridas funcionárias da Taquigrafia desta Casa, que estão com um sorriso, vocês poderão procurar o Setor adequado, poderão vender um terço das férias. Portanto está aqui a notícia, quero agradecer ao Presidente, queremos agradecer ao Prefeito Municipal e aos munícipes da nossa Cidade, que foram lá e pagaram os seus impostos antecipados. Acho também que, sem dúvida nenhuma, é uma notícia que nos satisfaz, a nós funcionários. Muito obrigado, Srª Presidenta.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Ervino Besson.

A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, é com muito prazer - e agradeço a deferência - que, como Suplente, estou aqui, até para matar a saudade. Eu gostaria de dizer que, nesse momento em que nos afastamos por dez dias, continuamos acompanhando os trabalhos da Câmara e a situação de todo o cenário político nacional.

E hoje os jornais estampam a grande novidade da Câmara Federal, referindo-se ao fim dos pagamentos pelas convocações extraordinárias, fato que aqui já ocorre. O Deputado Federal Alceu Collares, quando lançou a sua candidatura à Presidência da Câmara, num ato de protesto e até para poder trazer a público o que vinha ocorrendo, colocou como plataforma de campanha o final da convocação remunerada e também a redução do recesso para 30 dias - e não 45 dias. Trinta dias, Verª Margarete Moraes, é aquilo a que todo trabalhador tem direito.

Vemos que há um momento propício para grandes modificações, principalmente em relação ao funcionário público. Eu, como funcionária pública, professora aposentada, lembro de toda aquela caminhada por meio da qual conseguimos grandes vantagens, ou benesses, como se diria, como é o caso das férias, o direito à licença remunerada - conforme o nosso Estatuto do Magistério - para acompanhar familiar doente, o que o trabalhador da empresa privada não tem.

Então, creio que é um momento de profundas reformas sobre as quais teremos de nos debruçar, e é necessário entendermos que o funcionário público não pode mais ficar como aquele que só tem privilégios, aquele que, quando chega ao serviço público, fica tranqüilo, porque nunca mais é colocado para fora.

Realmente devemos revisar aquilo que ocorreu, porque, na Constituinte de 1988 e 1989, no Estado, grandes avanços foram alcançados exatamente pelos sindicatos, pelas categorias organizadas. E o que nós sentimos no Brasil, agora, é que este é um momento de reforma política principalmente na área pública. Essa é a mensagem que eu deixaria aqui e agradeço a oportunidade de falar por alguns momentos. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço à Verª Neuza Canabarro a sua bela manifestação.

O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exma Presidenta, nobres colegas, ontem tive a oportunidade de ler dois artigos que me chamaram a atenção. Percebi que eles se correlacionam com as minhas convicções e pensamentos, por isso me situo com ambos profundamente, fazendo-me pensar sobre as minhas convicções, sobre o momento atual no Brasil. Refiro-me ao artigo escrito no Jornal Zero Hora pelo Economista Fausto Araújo Santos e à entrevista do Economista Paulo Guedes à Revista Veja.

O primeiro procura focar o que se costuma chamar de “coisa pública”, e nesse enfoque há a abordagem da soberania nacional, tão defendida há décadas, que antigamente, devido a pouca informação, era sinônimo de posse, em que toda sinalização de mudanças, mesmo que gerasse desenvolvimento, emprego, renda, retorno em benefício para toda a coletividade, representava, aos olhares de muitos, risco para a Nação, perda de liberdade e de autonomia. Nessa época não havia velocidade de informação, poucos conheciam plenamente o verdadeiro significado de “soberania nacional”, surgindo aí o conceito de empresa pública criada para garantir estabilidade e tranqüilidade.

Passo a refletir, com o autor, sobre o surgimento de empresas públicas dos mais diversos segmentos: empresas de petróleo, logicamente para garantir combustível a preços justos, e não o que está ocorrendo hoje; bancos, para garantir juros baixos e capital de investimento, e não é o que está ocorrendo no modelo econômico atual do nosso País, infelizmente; mineradoras, para garantir matéria prima para bens essenciais; empresas de ônibus, para garantir passagens baratas; hospitais, para garantir atendimento digno - também isso não está muito bom no nosso modelo atual. Esses foram e são exemplos clássicos de instituições que, com o tempo, se expandiram para outros tipos de atividades na sanha de tudo ser público. Hoje temos até loterias públicas no País.

Como o autor, questiono-me também a respeito da necessidade de estatais, pois, na maioria dos casos, elas geram déficit público, raspam violentamente os cofres da Nação através da corrupção e empobrecem o cidadão pagador de impostos, que cada vez paga mais - mais impostos, mais juros, uma infindável quantidade de taxas - e, em contrapartida, recebe do Estado um sistema de Saúde precário, necessitando ficar meses peregrinando para poder “um dia, quem sabe” ser beneficiado por uma cirurgia emergencial. Recebe, também, um sistema de educação deficitária, e as crianças, desde pequenas, peregrinam nas ruas, nas sinaleiras, mendigando, ficando fora da escola - os pequeninos vivem em submundos, à mercê de drogas e de violência. No que tange à habitação, nem se fala, a população trabalhadora, que paga impostos, sonha com o seu teto, por mais simples que seja, e hoje vive, em grande número, em favelas, amontoada, sem perspectiva de mudanças desse quadro a curto prazo; quando não vivem na rua, à mercê da marginalização.

A pergunta do autor é procedente: “Por que queremos ser donos de uma empresa pública? Por que não oportunizar e deixar os meios de produção às empresas privadas, que as administram com qualidade, competência, com eficiência e com responsabilidade?” E são as únicas responsabilizadas, pelo que vejo, pelas falcatruas a que nós estamos assistindo no Poder Central. Os beneficiários, logicamente, seremos todos nós, sociais-liberais. Defendemos com veemência, com galhardia, o que o Economista Paulo Guedes aborda e esclarece com muita propriedade.

A sociedade caminha velozmente neste mundo globalizado, num processo de mudança de paradigmas, valores, novas tecnologias, onde tudo é questionado. Nesse processo evolutivo, a nova sociedade surge, convivendo com o processo democrático, interagindo, aberta às transformações, e o nosso Brasil, este País de tantas riquezas naturais, não cresce há mais de 30 anos, apesar de seu potencial. A média do crescimento mundial, no ano de 2005, foi de 4,5%. E o nosso Brasil chegou aos 2,5%. Isso só acontece, e aqui concordo plenamente, pelo gigantismo do Estado, que sobrecarrega a máquina pública, atribuindo a si mais do que deveria e poderia desempenhar plenamente, e também porque gasta mais do que deveria e, ainda por cima, de forma equivocada - um trilhão de dívida interna do Brasil. Isso para não contar com abusos, fraudes, corrupção e todo o resto. Ao lado de tudo isso, vemos os salários sendo reduzidos, com baixíssimo poder de compra. E os juros? Os juros dos cartões, como sempre, são os mais altos, talvez, do mundo. Que o Estado cuide do prioritário, do essencial, da Saúde, da Segurança, da Educação e deixe o mercado disciplinar com sua própria competência.

Ao analisar esse quadro, tenho hoje a certeza de que a proposta social-liberal é a que mais se adequa ao mundo atual e, principalmente, ao nosso País, onde a abertura do mercado gera desenvolvimento, riqueza, emprego e renda e onde há o respeito ao indivíduo, permitindo que ele viva de forma digna, do fruto de seu trabalho e do seu esforço, sem mendicância, elevando sua auto-estima e com perspectiva clara de dias melhores. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Manifestou-se o Ver. José Ismael Heinen, em nome da Bancada do seu Partido, o PFL. Com muita alegria eu comunico a presença da Verª Mônica Leal, Suplente da Bancada do seu Partido.

O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, gostaria de falar um pouco sobre a questão levantada pelo Ver. Comassetto, a questão da moradia na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e, talvez, no Brasil. O período áureo da moradia foi, indiscutivelmente, logo depois de 1965, quando se criou no Brasil o Banco Nacional da Habitação. O BNH foi profundamente deturpado, ele tornou-se o esteio da economia dos empreendedores, esquecendo as suas finalidades sociais, sendo, por fim, apenas privilégio dos ricos, mas a sua base, a sua definição, foi extraordinária, democrática.

E nós vemos inclusive, Ver. Comassetto, em alguns resíduos, em algumas seqüelas governamentais, algumas coisas muito boas, como, por exemplo, a política habitacional da Vila do IAPI, da Vila dos Comerciários, onde o Governo Getúlio Vargas criou uma mini-cidade, com saneamento básico e estação de tratamento de esgoto, que hoje é um luxo. A agência nacional do Governo Lula anuncia que 80% das cidades brasileiras têm esgoto a céu aberto; das 5.500 cidades brasileiras, mais de 4.500 têm esgoto a céu aberto. Esse é um detalhe de saneamento básico que não vai ser resolvido num Governo, evidentemente, mas, a cada levantamento estatístico que se faz, vem um Vereador do PT e diz assim: “Ah, mas nós já temos verba”; “Ah, mas nós liberamos 17 bilhões para a moradia”. Eu quero saber, daqui a um ano, quando se fizer o levantamento, quantas casas são necessárias e quantas foram feitas. Então é dito: “Fizemos 6.500 casas”. Mas nós precisamos de 200 mil unidades de moradia.

Então, em 16 anos, o fracasso da moradia na cidade de Porto Alegre é um dos calcanhares-de-aquiles na parte social do Governo do Partido dos Trabalhadores, como foi a Saúde, como é a educação infantil, área na qual estamos fabricando, de uma maneira logarítmica, Dr. Comassetto, em proporções industriais, os futuros habitantes das FEBEMs, porque não temos creches na cidade de Porto Alegre. O Governo Fogaça anunciou 1.100 novas vagas em creches. Isso é o mínimo, nós precisamos de muito mais! Isso tem que ser um processo muito grande, um programa muito maior. Não adianta, como resposta, dizer: “Nós vamos liberar tal verba”. Nós sabemos o que é liberação de verba de Governo, é uma questão só orçamentária, e a verba não chega nunca.

A cidade de Porto Alegre, no ano passado, foi prejudicada com as verbas de moradia. O que se fez em Porto Alegre foi com verba própria da Prefeitura. Isso é um processo, uma seqüência, não é aquela coisa monárquica, ridícula, de uma pessoa mandando: “O Lula mandou fazer casa.” Isso não existe! Atender às questões de moradia é um processo que não chega a ser nem nacional, é uma tendência universal.

Hoje nós vivemos as questões do Haiti, mas, como diria Caetano Veloso, às vezes o Haiti é aqui, em Porto Alegre, sim, nas favelas, na vergonhosa situação das favelas de Porto Alegre! Porto Alegre se favelizou assustadoramente. E não foi por êxodo rural, não; êxodo rural nós vemos nas cidades da Grande Porto Alegre. Aqui a questão é desemprego! E dizer que nós temos maior número de emprego... Eu quero dizer aos Vereadores do Partido dos Trabalhadores que o Programa Primeiro Emprego, em 2004, destinou 750 milhões para gerar apenas um emprego: chama-se Nelson, baiano, com o emprego de garçom.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a manifestação do Ver. Claudio Sebenelo.

O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Verª Margarete Moraes, colegas Vereadores e Vereadoras, tenho a honra aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, de fazer este pronunciamento em Liderança e quero trazer, com clareza, algumas afirmações políticas. O ano de 2006 inicia, no cenário nacional, com algumas medidas importantes para a conjuntura local e nacional.

Primeiro, tardiamente, o Congresso Nacional toma a decisão de parar de pagar os jetons para trabalhar em períodos de recesso. A segunda grande notícia que recebemos ontem é que o Congresso Nacional aprova a CPI da Privatização ou a “CPI da Privataria”. E aqui, Ver. Claudio Sebenelo, quero fazer algumas referências, sim, e algumas considerações.

Nos 16 anos da Administração Popular, construímos em média mil casas habitacionais populares por ano sem recursos do Governo Federal, essa é a diferença. Por quê? Porque a lógica do Governo Federal em todo o período de 1989 a 2005 era outra, e a “CPI da Privataria” terá de esclarecer por que venderam 100 empresas públicas nacionais, arrecadando com isso 105,5 bilhões de reais. Para onde foi esse dinheiro? Tem de ser esclarecido isso, Ver. Ismael Heinen e Ver. Sebenelo. A dívida pública que, em 1995, era de 30% subiu para 62% em 2002, no final do Governo FHC, com a entrada de 105 bilhões nos cofres públicos. Para onde foi esse dinheiro e como a dívida pública aumentou nessa escala geométrica?

Temos que dizer também que esses setores empresariais receberam nesse período 15,6 bilhões do BNDES para subsidiar a privatização. Com 15,6 bilhões, Ver. Claudio Sebenelo, poderiam ter sido construídas 750 mil habitações populares neste País. Essa é a diferença! A CPI das Privatizações terá que apontar e dizer à sociedade brasileira o que isso significa; no período de 1990 a 2002, nunca a economia nacional cresceu mais do que 3% ao ano. O que significa isso? Tem que ser explicado! Sem contar que, no período de 2001, o grande vexame nacional, no que diz respeito à infra-estrutura nacional, foram os apagões, com o sistema de energia elétrica sendo privatizado, e os apagões acontecendo. Isso não acontece mais, por quê? Porque invertemos as prioridades, o Governo Lula inverteu as prioridades!

Vamos falar sobre a telefonia! As companhias telefônicas foram privatizadas. Senhores e senhoras que nos assistem, as tarifas telefônicas brasileiras são mais caras do que as tarifas telefônicas dos Estados Unidos! Quem construiu isso? Foi o Governo socialdemocrata-liberal do FHC!

As ferrovias brasileiras - suporte do desenvolvimento de qualquer infra-estrutura de qualquer país - foram entregues de mão beijada. Podemos aqui trazer centenas de questões que a CPI das Privatizações, ou “CPI da Privataria”, terá que esclarecer à sociedade brasileira, porque, na história da República, nunca houve tanta gente que enriqueceu em tão pouco tempo com dinheiro público. É isso que tem que ser dito! Essa é a diferença, Ver. Ismael, de um Governo neoliberal para um Governo que se propõe a fazer reformas progressistas e que paga toda a dívida, salda a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional e economiza só de juros 600 milhões. É esse dinheiro que vai para a habitação.

Para concluir, gostaria de dizer, Presidenta, que as privatizações nesse período se constituíram numa política ruinosa da Nação brasileira, e o seu mentor foi quem? Fernando Henrique Cardoso com o seu Ministro, entre outros, José Serra. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a participação do Ver. Carlos Comassetto, em Comunicação de Líder, falando em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicação de líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu quero congratular-me com o Ver. Bernardino Vendruscolo. Eu acho que as pessoas que têm conhecimento têm que transmiti-los, e, como ele entende de ITBI, ele se propôs e já fez uma cartilha para auxiliar aqueles munícipes que desejam se beneficiar da lei. Meus cumprimentos, Vereador.

Eu vejo o PT preocupado em fazer cartilhas de críticas ao Governo Fogaça, cartilhas elogiando o extraordinário Governo Lula. E agora o meu amigo Ver. Comassetto está criticando as privatizações. Bem, eu quero dizer que o Governo Lula não é essa maravilha que falam por aí. É um homem que iria criar 10 milhões de emprego e, agora, diz que criou três, mas esqueceu de dizer que em 2003 diminuíram os empregos no Brasil em número de 850 mil. Então, temos que considerar isso aí também.

Nós temos que considerar algumas coisas que nós reclamamos aqui da nossa própria Cidade, do nosso Estado, do nosso País e que estão todos os dias na mídia, relativas à Segurança. O Dr. Lula, que declarou, ontem, aos Reitores das universidades que, em 2007, não estará no Palácio do Planalto, não deu as verbas para a Segurança, para a Polícia Federal controlar a droga. Ele não deu! E não fui eu quem disse; a Senadora Heloísa Helena e o Senador Paim é que reclamaram no Senado. Eu não vejo, se ele não ajuda, como é que o Estado, que não tem recursos - e a Cidade não pode fazer -, vai resolver o problema da Segurança se isso não é feito por quem realmente tem a obrigação da iniciativa maior, que é a Polícia Federal.

A Saúde também não está recebendo os recursos que deveria receber. E não se diga que o Município é culpado, que o Estado é culpado, porque não é nada disso. Todos são culpados. Agora, o dinheiro que tem que vir de lá... Era o PT em 2003 que dizia que diminuiu com a assunção ao poder do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva a Presidente. Foi o PT quem disse em 2003 que diminuíram os recursos transferidos ao SUS! Não fui eu, foi o PT! Então, não vamos agora, de repente, querer que o Prefeito Fogaça, em um ano, faça tudo aquilo que eles não fizeram em dezesseis anos! Vão querer que ele não faça nada do Orçamento Participativo? Não, muitas das obras realizadas no ano passado eram aquelas prometidas, há oito, dez ou mais anos até, pelo PT no Orçamento Participativo, que passou a ser uma coisa séria.

O Ver. Carlos Comassetto falou das privatizações e disse que foi uma política ruinosa para o País. Bom, com isso eu não concordo. Mas, se alguém se beneficiou com a privatização, eu também quero que ele seja punido. Agora, eu vou citar dois casos só; o primeiro é o da Embraer. A Embraer era uma máquina de absorver dinheiro público, e, hoje, ela é uma potência extraordinária que não precisa mais nada do Governo. E o Governo não quis comprar um avião que ela produz para outros presidentes e para outros países; o Presidente resolveu comprar um airbus; a Embraer poderia lhe dar um avião nas mesmas condições, só com menos autonomia de vôo, pouca coisa a menos. Mas quem precisa viajar onze, doze ou quinze mil quilômetros sem abastecer? Dez mil também chega.

E o segundo exemplo que eu quero dar é o da CRT, ou da telefonia do Brasil. Há meia dúzia de anos, para se conseguir um telefone era uma coisa extraordinariamente difícil e cara! Hoje, consegue-se um telefone fazendo um telefonema para a empresa de telefonia e dizendo que quer colocar na sua casa, o que custa 50 reais e vem na conta do final do mês. Antes era motivo de declaração de renda: “Eu tenho dois telefones. Tenho um telefone. Ou vou até adquirir um telefone”. Então, algumas coisas foram muito boas. Agora, se alguém se beneficiou com isso, tem de ser punido. E eu espero que isso aconteça, mas com a seriedade e não com a pressa, quando querem dizer que estava tudo errado. Quanto a CRT e a telefonia dão de ICMS para o Estado e, portanto, para Porto Alegre precisa ser considerado também, pois, antes, levava o dinheiro do Governo; agora, dá dinheiro para o Governo. Saúde e PAZ! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a fala do nosso querido Ver. João Antonio Dib.

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Vereadora Margarete Moraes, na presidência dos trabalhos neste momento; Srs. Vereadores, eu tenho admiração por todos os Vereadores desta Casa, mas, especialmente, por V. Exª, por ser uma das representantes da nossa querida cidade de Iraí. Então, toda a vez que eu venho aqui e sou forçado a fazer uma crítica ao PT, eu a faço com muito pesar. Primeiro, porque eu não tive a pretensão de me eleger com esse objetivo; segundo, porque V. Exª é do PT e é uma das Parlamentares que eu admiro, pela seriedade com que conduz o seu trabalho nesta Casa.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Muito obrigada, Ver. Bernardino. A recíproca é verdadeira.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado.

Como eu falei anteriormente, eu não gosto de fazer o que eu vou fazer neste momento, que é fazer uma crítica ao PT. Só que, quando os Vereadores do PT vêm a esta tribuna endeusar o Presidente Lula em detrimento do Governador Germano Rigotto e do Prefeito José Fogaça, eles nos obrigam a defender o Governador e o Prefeito.

Ver. Comassetto, não é só o jornal Zero Hora que faz críticas ao seu Partido. Há dizeres nos carros, criticando o seu Partido, há críticas em todos os jornais, de um modo geral, como no jornal O Sul, o qual eu trago como exemplo: “Ex-petista confirma denúncia, e o Sr. Presidente tinha conhecimento” - eu estou falando do Parlamentar que foi expulso do PT lá em 1997, 1998.

 

(Manifestação anti-regimental do Ver. Carlos Comassetto.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Na verdade, quando alguém da corrente partidária de V. Exas. faz essas denúncias, V. Exas., realmente, o expulsam, e foi comprovado pelos atos do Presidente.

Dizer que nos Partidos nós não vamos encontrar problemas é fazer um discurso sem merecer a atenção de qualquer cidadão. E V. Exª fala em enriquecimento ilícito, sobre alguém que conseguiu fazer fortuna em pouco tempo, Ver. Comassetto. Eu entendo que não é crime alguém conseguir, do dia para a noite, rapidamente, subir na vida econômica, digamos assim.

 

(Manifestação anti-regimental do Ver. Carlos Comassetto.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: É, eu acho que sim. Eu também acho que com milagre... Inclusive, um dos milagreiros deste País é o filho do Presidente Lula, se não me falha a memória, ele é um dos novos milionários deste País do dia para a noite. Agora, fazer crítica ao Governador Germano Rigotto, ao Prefeito José Fogaça... Eu quero dizer que nós apenas completamos um ano de Governo aqui no Município e mandamos instalar as câmeras em vários locais de Porto Alegre; nós já estamos próximos de cem câmeras. Se V. Exas estavam tão preocupados com a Segurança, por que não fizeram isso no seu Governo?

Nós temos problemas de segurança no Estado? Claro que temos, mas eu disse outro dia e volto a repetir: ao menos o nosso Secretário de Justiça não anda abraçado com bandido, ao menos os nossos Comandantes das corporações militar e civil não andam botando chapéu de entidade clandestina! Com isso, se não conseguem diminuir a criminalidade, eles estão perseguindo esse objetivo, ao menos esses respeitam a sociedade. Porque o Governo do PT desrespeitava a sociedade através dos seus representantes, que, quando iam participar dos movimentos, ou acompanhar os movimentos de invasões de terras, aceitavam bonés de entidades clandestinas. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao meu querido conterrâneo, Ver. Bernardino Vendruscolo, a sua manifestação.

Quero dizer que não há mais Vereadores inscritos em Liderança. Eu contei oito Vereadores no Plenário, e precisaríamos de dez Vereadores, no mínimo, para entrarmos na Ordem do Dia. Existem muitos Requerimentos, se houvesse consenso, poderíamos votar, no mínimo, os três últimos, do Ver. José Ismael e do Ver. Raul Carrion, que são homenagens, mas não há quórum. Então, nós estamos encerrando esta 4ª Reunião Ordinária e convocando todos os Vereadores para a próxima Reunião, amanhã, dia 19 de janeiro, às 9h30min.

Eu tive muito orgulho em presidir esta Mesa e agradeço ao Ver. Dr. Goulart por esta oportunidade, agradeço a presença de todos e declaro encerrados os trabalhos de hoje. Muito obrigada a todos e a todas.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h09min.)

 

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